O serviço até o momento possibilitou o convívio familiar de 18 crianças e adolescentes; Dentre os municípios da região, Volta Redonda foi uma das primeiras cidades a implantar o serviço

 

O Serviço de Acolhimento Familiar foi lançado no município de Volta Redonda em fevereiro de 2012 pela Fundação Beatriz Gama. De lá pra cá, o programa possibilitou o convívio familiar de 18 crianças e adolescentes e oito turmas formadas, realizando capacitação em 19 famílias acolhedoras. Essa experiência, especialmente para os acolhidos, reflete em um impacto significativo no desenvolvimento no social, emocional e de saúde psicológica e física, sendo percebidos através de avanços na autoestima, na autoconfiança e no desenvolvimento cognitivo.

 

O prefeito Samuca Silva destacou que esse é um serviço de política pública, previsto na Política Nacional de Assistência Social do Governo Federal. “Um número expressivo de municípios em todo território brasileiro vem implantando o Família Acolhedora e é gratificante saber que Volta Redonda foi um dos primeiros municípios do Vale Paraíba em aderir esse programa, visto pela sua amplitude e significado na sociedade”, enfatizou Samuca.

 

Para os acolhedores, o programa proporciona a aquisição de novos valores sociais e regras de convivência à criança e ao adolescente. A médica Isis Lassarote, de 50 anos, é testemunha dessa boa experiência e disse que já realizou o acolhimento duas vezes, sendo cada vez com duas crianças. “A gente vai com a ideia de ajudar alguém, mas tudo que a gente faz para o outro reverte para nós. Aprendi muita coisa e a experiência na minha vida foi muito legal. A ideia é que eles não percam a vivencia familiar e aprendam outra forma de se relacionar. Além disso, temos que oferecer os direitos básicos que toda criança tem, como alimentação e segurança”, destacou Isis.

 

 

A experiência com a família acolhedora é, inclusive, essencial para o sucesso da transição das crianças para a adoção. Francisco Consoline e o companheiro, Elizeu Consoline, adotaram as duas crianças acolhidas pela Isis e disseram que esse primeiro contato serviu como ajuda para conhecer a historia delas. “Quando começamos o processo de aproximação, a criança já estava habituada com o ambiente familiar e o contato ficou muito mais fácil. Hoje nossa vida está normal, como em qualquer família. A adaptação foi muito boa e estamos bem integrados”, acrescentou Francisco, que hoje mora com a família em Rondônia.

 

Dentre os municípios do Vale do Paraíba, Volta Redonda é uma das primeiras cidades a implantar o programa. Por ser um serviço de alta complexidade - devido a sua estrutura se caracterizar pela condição de risco social e vulnerabilidade em que se encontra a criança e o adolescente, e onde os vínculos com a família natural permanecem temporariamente interrompidos - o Ministério Público, através da Promotoria de Justiça da Infância e Juventude, realiza sistematicamente, a cada trimestre, uma visita de monitoramento e fiscalização.

 

A coordenadora do Acolhimento Familiar, Ana Claudia Domingues, contou que a última visita foi realizada em agosto de 2019 e destacou que é importante a divulgação desse serviço, de forma a atingir a população e com o objetivo de captar novas famílias acolhedoras e, assim, possibilitar o acolhimento familiar de crianças e adolescentes que hoje permanecem em instituições, como a Fundação Beatriz Gama.

 

“Até o momento pudemos realizar a capacitação de 19 famílias acolhedoras em turmas, sendo a oitava turma formada em fevereiro deste ano. Dentre essas, algumas famílias permanecem no cadastro, aptas para acolher. Outras solicitaram se desligar do serviço, por mudanças de objetivos. Há, ainda, as que a equipe técnica avaliou a necessidade de desligamento, por não atenderem o perfil”, analisou a coordenadora.

 

O secretário de Ação Comunitária, Marcus Vinicius Convençal, disse que esse serviço do acolhimento familiar é considerado a modalidade de acolhimento mais indicada e preferencial à criança e ao adolescente. “Isso se dá pelo seu caráter humanizado, individualizado e por ser um ambiente mais próximo de uma família. Seu principal objetivo é possibilitar a garantia de proteção à criança e ao adolescente que possuem seus direitos violados e, também, oferecer a convivência familiar e comunitária”, afirmou.

 

A jovem Rafaela de Almeida, de 18 anos, permaneceu em acolhimento familiar com senhora Geracina Antonio, de 70 anos, durante um ano e cinco meses, até completar maioridade. O programa foi de grande valia para a jovem, pois contribuiu significativamente para o aumento de sua autoestima e confiança. Atualmente, Rafaela está morando com o namorado e auto gerindo sua vida. “Todo esse tempo com a vó Geracina serviu de aprendizado para minha vida. Aqui aprendi grandes valores e responsabilidades que estou colocando em prática”, contou ao lado de dona Geracina, que completou: “Esses vínculos acontecem naturalmente. Eu me apaixonei pelo programa e pude contribuir na vida de alguns adolescentes. A Rafa mora aqui pertinho de mim agora e sempre estamos juntas. Temos uma ligação afetiva e ela virou minha neta”.

 

Seja uma Família Acolhedora

 

Para ser uma Família Acolhedora é necessário que o candidato participe de um processo de capacitação, realizado pela equipe técnica do serviço através de psicóloga e assistente social, e que tenha interesse e disponibilidade em cuidar, oferecer amor e carinho à criança ou adolescente acolhido. O candidato precisa ser maior de 25 anos, ser morador de Volta Redonda, não estar habilitado no cadastro de adoção e ter algum tipo de renda, já que o serviço tem caráter voluntário.

 

Dentre as características mais importantes para ser Família Acolhedora estão: respeito pela história pregressa da criança e do adolescente; tolerância para respeitar o tempo do acolhido em sua adaptação na sua residência; ter motivação em assumir a guarda provisória da criança e do adolescente; ter o desejo de apenas cuidar daquela criança/adolescente pelo tempo necessário, que poderá percorrer de alguns meses até um ano, entendendo que este deverá retornar a conviver com sua família de origem ou família extensa. É importante considerar ainda que a Família Acolhedora deverá estar ciente da sua impossibilidade de adotar qualquer criança ou adolescente que estiver acolhendo, conforme pressupostos da Lei 8.069 – ECA.

 

Por Renan Ferreira com fotos de Geraldo Gonçalves e divulgação - Secom/VR
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