Todos eles passaram a ter acompanhamento profissional e a morar em residências terapêuticas da cidade

 

Restabelecer o resgate da cidadania e da singularidade dos sujeitos é a base preconizada pela prefeitura de Volta Redonda, que proporcionou o acesso à moradia a todas as pessoas em situação de rua com transtornos mentais da cidade. Visando à reabilitação psicossocial, eles passaram a ser assistidos pelo setor de Saúde Mental da Secretaria Municipal de Saúde, nas quatro Residências Terapêuticas (RTs) da cidade.

 

As Residências Terapêuticas (RTs), que têm como objetivo promover a reinserção de seus moradores na sociedade, garantem assistência integral também a pessoas com transtornos mentais, egressos de instituições de internação de longa permanência. As quatro casas abrigam atualmente 28 pessoas.

 

Fernando de Lima, de 43 anos, está morando em umas das residências terapêuticas e conta que vivia apanhando nas ruas. “Vir para cá foi muito bom para mim. Aqui eu tenho uma vida digna, posso tomar meu banho, me alimentar todos os dias e dormir em segurança. Já fui muito maltratado nas ruas, apanhei, passei fome e frio. Mas também fiz algumas coisas que não devia. Agora posso até escolher as roupas que vou usar e isso me deixa feliz, pois sou muito vaidoso. O próximo passo será reencontrar os meus filhos”, disse emocionado. Para isso, Fernando está economizando o benefício que ganha para ir visitá-los no Espírito Santo. “Quando saí de lá eles eram bem pequenos. Esse é o meu sonho”, acrescentou. 

 

Nessas residências, que funcionam como uma moradia, eles têm atribuições diárias, como limpar, lavar roupa, cozinhar, entre outras atividades domésticas, de acordo com o grau de autonomia de cada um deles. Para acompanhar esses moradores, a residência conta com cuidadores, que é essencial para o seu funcionamento, além de enfermeira, nutricionista, auxiliar administrativo e motorista.

 

De acordo com a coordenadora do setor de Saúde Mental de Volta Redonda, Renata Vasquez, muitas dessas pessoas com transtornos mentais não tem relações familiares e sociais. “Priorizamos inserir população em situação de rua com transtornos mentais e foram quatro beneficiados. O objetivo é exatamente isso, trazer pra eles a rotina familiar, o cotidiano, atividades e autocuidado”. Renata destaca ainda que um dos objetivos da residência é a integração entre os moradores com a comunidade e a rede de apoio. “Queremos que eles possam reapropriar do espaço urbano e da sua autonomia. Como eles passaram muito tempo internados ou longe da família eles perdem a habilidade do convívio social”, comentou.

 

A prefeitura de Volta Redonda é responsável pelo aluguel das casas, pela alimentação básica, pelos profissionais da assistência, além dos remédios fornecidos pela Farmácia Municipal. Outros itens são comprados pelos próprios moradores, como os de higiene pessoal e vestuário.

 

A secretária municipal de saúde, Flávia Lipke, destaca que as RTs são casas bem estruturadas onde os moradores são tratados com muito carinho. “Volta Redonda conta com uma rede completa de assistência aos pacientes da Saúde Mental. Nosso trabalho visa ofertar o tratamento em liberdade, rompendo com o antigo modelo, o de internação. Devolver a liberdade, o convívio em sociedade e a aproximação com a família, quando possível, é parte importante no trabalho realizado. Para isso, esses pacientes contam com equipe multidisciplinar especializada”, concluiu.

 

SAÚDE MENTAL – Além das Residências Terapêuticas, Volta Redonda conta com três CAPS Adultos (CAPS Vila Esperança, CAPS Usina de Sonhos e CAPS Sérgio Sibilio Fritsch, no Jardim Belvedere), um CAPS para crianças e adolescentes (CAPSi Viva Vida, na Vila Mury), um CAPS para usuários de álcool e outras drogas (CAPS AD).

 

O Programa de Saúde Mental ainda dispõe do Espaço de Cuidado, que funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h30. O Espaço de Cuidado é um ambulatório de Saúde Mental adulto, que atende usuários em sofrimento – com depressão, tendência suicida, etc.

 

Além disso, o município dispõe, também, de leitos de internação psiquiátrica e de desintoxicação no CAIS Aterrado para o atendimento aos pacientes em crise. São internações de curta permanência.

 

Secom/VR
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