Quase 400 cirurgias foram realizadas até o último mês de dezembro; resultado foi obtido mesmo em meio à pandemia de Covid-19
Depois de enfrentar uma queda no número de doadores para o transplante de córneas – em parte pela pandemia de Covid-19, a partir de 2020 – o Banco de Olhos de Volta Redonda tem registrado um aumento no número de doadores e transplantes a partir de 2021, quando o prefeito Antonio Francisco Neto reassumiu o governo municipal. De acordo com os dados do Banco de Tecido Ocular Pedro Selmo Thiesen, localizado no Hospital São João Batista (HSJB), foi possível a realização de 378 transplantes de córneas entre janeiro de 2021 até setembro de 2023, graças aos 368 doadores no mesmo período que cumpriam todos os requisitos para a doação.
Nesse mesmo espaço de tempo, o total de captações de globos oculares (729) e córneas preservadas (476) chegou a 1.205, apesar de 2021 ter sido um ano com um alto número de pessoas infectadas e mortas por causa da Covid. Muito desse crescimento se deve às campanhas de conscientização e incentivo à doação de córneas realizadas pelo banco.
“As ações estão sendo divulgadas nas redes sociais, e também realizamos palestras em escolas que capacitam os profissionais da área da saúde para que eles entendam a importância da doação de órgãos e tecidos”, relata Gislene da Silva, coordenadora e enfermeira do Banco de Olhos.
Segundo a coordenadora, a capacitação é feita com profissionais dos hospitais notificadores dos 34 municípios de atuação e que tenham interesse em conhecer o processo. “Temos recebido um grande número de profissionais da saúde como técnicos de enfermagem, enfermeiros, fisioterapeutas e médicos residentes, para mostrar como é o processo de captação e o processamento até que essa córnea seja enviada para a Central de Transplante RJ”.
Gislene destaca ainda que as visitas dos profissionais podem ser agendadas de segunda a sexta-feira, pelos números 08000-225742, (24) 3343-3935 ou (24) 99974-6595 (WhatsApp). Ela aproveita, ainda, para reforçar a importância da doação.
“É a chance de mudar a vida de alguém, mesmo em um momento de dor após a morte. Esse trabalho é muito gratificante, pois em um momento de perda que você pode estar ajudando até quatro pessoas, é um ato de amor ao próximo, por fazer uma outra pessoa voltar a enxergar e ver o mundo e a vida de outra forma. Avise os seus familiares, faça outras pessoas voltarem a enxergar a vida com todas as suas cores”, disse a coordenadora.
Pioneiro no estado
O Banco de Olhos de Volta Redonda é o primeiro banco do gênero no estado do Rio de Janeiro, tendo sido inaugurado em maio de 2010. Desde o início de suas atividades, a unidade foi responsável por angariar 2.072 doadores, com o total de captação de globos oculares (4.063) e córneas (3.245) chegando a 7.308. Esses números permitiram a realização de nada menos que 2.065 transplantes nos últimos 13 anos em diversos hospitais do estado.
O serviço possui uma equipe de profissionais especializados que são responsáveis pela captação, avaliação, processamento, armazenamento, disponibilização e transporte de córneas, além da abordagem da família para a realização de entrevista familiar para autorização da doação das córneas. O Banco de Olhos é o responsável por receber as córneas de 34 municípios fluminenses.
Protocolo para captação de órgãos e tecidos
O protocolo para a captação de órgãos consiste em três etapas: identificar o paciente com uma possível morte encefálica; realização de exames clínicos e complementares para a confirmação desta morte encefálica, e posterior comunicação ao Banco de Olhos; e a abordagem familiar realizada pela instituição, buscando a conscientização sobre a doação de órgãos e tecidos. A captação só é possível com autorização de familiares.
Para a notificação de óbitos de possíveis doadores, os telefones de contato do Banco de Olhos são: 08000-225742, (24) 33433935 e (24) 99974-6595 (WhatsApp). A unidade, que se encontra no Hospital São João Batista, está aberta para visitação com o objetivo de esclarecer a população sobre a importância da doação de córneas. Qualquer pessoa entre 10 e 80 anos pode ser um doador, basta manifestar em vida seu desejo aos familiares.
A equipe do Banco de Olhos lembra que uma doação de córneas pode beneficiar até quatro pessoas, quando são captadas as duas córneas e as duas escleras (camada branca mais superficial do globo ocular, composta por fibras de colágeno). Após a coleta, o material é levado para o banco, onde é examinado, armazenado e fica à disposição do Programa Estadual de Transplantes (PET).
Foto de divulgação - Secom/PMVR