Iniciativa atendeu a mais de 220 idosos que buscaram as quatro unidades da Atenção Primaria em Saúde selecionadas
Iniciada no final de 2022, a parceria realizada entre a Prefeitura Municipal de Volta Redonda e a Davos Alzheimer’s Collaborative (DAC) para participar do programa de detecção precoce da doença de Alzheimer ajudou muitos idosos em seu primeiro ano de implantação. Segundo dados da iniciativa, houve participação plena de 224 idosos, que realizaram a avaliação cognitiva digital. Desse total, 93 foram encaminhados para a coleta de sangue a fim de obter a dosagem de biomarcadores específicos para a Doença de Alzheimer.
Os 21 idosos que tiveram scores altos para os biomarcadores foram referenciados para a Policlínica do Idoso e estão sendo acompanhados por uma geriatra. Os outros idosos seguem sendo atendidos em suas Unidades pelas equipes de Atenção Primária às quais estão ligados, com avaliações periódicas.
O médico psiquiatra e psicanalista Otelo Corrêa dos Santos Filho, que trabalha com projetos de saúde coletiva ligados à Atenção Primária, mostrou-se animado com a resposta obtida pelo projeto em seu primeiro ano. “Os pacientes e suas famílias têm se engajado nas atividades propostas, como as oficinas da memória, e seguem sendo cuidados pelas equipes de Atenção Primária e pela Policlínica do Idoso. Curiosamente, vários idosos procuram as unidades de saúde para ‘fazer o exame de Alzheimer’, denotando que há uma comunicação entre os idosos sobre a iniciativa.”
Para 2024, Otelo adianta que estão sendo planejadas a extensão das atividades de grupo, as oficinas da memória para todos os pacientes que participaram da pesquisa e a geração de ferramentas para disseminar a estratégia da detecção oportuna da Doença de Alzheimer para as equipes de Atenção Primária que não participaram da pesquisa. “Também será cada vez mais estimulado o controle dos diversos fatores de risco modificáveis para a Doença de Alzheimer como o diabetes, a hipertensão, o sedentarismo, o abuso do álcool, o isolamento social e a depressão.”
Para a secretária municipal de Saúde, Maria da Conceição de Souza Rocha, a aposta na parceria entre prefeitura e a Davos Alzheimer’s Collaborative se mostrou acertada.
“A detecção precoce do Alzheimer é importante para ajudar os idosos e as famílias a se prepararem e conseguirem encarar a doença de forma menos traumática. Essa iniciativa se mostrou muito importante para que possamos dar mais dignidade e melhores condições a eles”, observou.
O prefeito Antonio Francisco Neto, que se recupera de uma cirurgia durante as férias, afirmou que o programa já se mostrou bem-sucedido na cidade. “Nossos idosos precisam de cuidados especiais, e sempre vamos buscar oferecer a eles todos os serviços que possam dar melhor qualidade de vida. Afinal, eles fizeram tanto por Volta Redonda e merecem essa atenção como forma de agradecimento e reconhecimento.”
O projeto
Promovido pela Davos Alzheimer's Collaborative (DAC), uma aliança público-privada que une organizações em todo o mundo para construir um ecossistema de inovação, com avanços para o diagnóstico da doença. O programa de detecção precoce da doença de Alzheimer está disponível em quatro Unidades Básicas de Saúde e de Saúde da Família (UBSs e UBSFs) em Volta Redonda, nos bairros Padre Josimo, Vila Brasília, Volta Grande e Santo Agostinho. Antes da implantação da iniciativa, foi feito um levantamento que apontou que essas UBSFs ficam em áreas com elevada proporção de idosos e faziam parceria com profissionais de saúde comunitários locais.
A captação é realizada quando um idoso acima de 60 anos chega a uma dessas unidades com alguma queixa cognitiva de memória. Caso o idoso aceite participar da iniciativa, ele passa pelo teste de avaliação cognitiva digital; se for observado um comprometimento cognitivo, o passo seguinte é um exame de sangue para detecção de um biomarcador sanguíneo, que indica com grande grau de positividade a suspeita da doença de Alzheimer nos estágios iniciais.
O teste utilizado é o Cognigram, que reduz a necessidade de testes neuropsicológicos amplos, que são demorados e exigem médicos especializados para administração. O Cognigram, por sua vez, pode ser aplicado por enfermeiros e médicos nas unidades de saúde selecionadas. O sangue coletado é enviado para o laboratório C2N, nos Estados Unidos, onde é realizada a dosagem dos biomarcadores para a Doença de Alzheimer.
Quando o paciente apresenta um alto nível de suspeição, ele é encaminhado para a linha de cuidados mais adequada para a redução dos fatores de risco para a Doença de Alzheimer, que incluem isolamento social, sedentarismo, perda auditiva, hipertensão arterial e diabetes, entre outros.
Fotos de divulgação- Secom/PMVR.