Populares 'sommeliers' de doses têm dificultado vacinação, tornando-se mais vulneráveis e favorecendo surgimento de variantes do vírus
Chega a hora: dia de tomar a vacina contra a Covid-19, mas você ainda tem dúvida sobre qual é a melhor? A insegurança e a vontade de escolher qual dose irá receber podem atrapalhar o processo de imunização, é o que aponta a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Volta Redonda. De acordo com a pasta, na cidade existem casos de pessoas que ainda escolhem qual dose querem tomar - os populares “sommeliers de vacina”. Assim, ficam mais vulneráveis ao vírus e diminuem a cobertura vacinal da população, favorecendo o surgimento de variantes.
Ainda segundo a SMS, não se deve escolher qual vacina tomar, com exceções das pessoas que por um motivo específico, como um problema de saúde, por exemplo, não possam receber determinada dose. Além disso, a vacinação em grávidas só pode ser feita com autorização médica e a recomendação é de que sejam administradas doses da CoronaVac ou Pfizer. Para esses casos, a pessoa deve enviar a solicitação de escolha de vacina documentada no site da Prefeitura de Volta Redonda, na ‘aba coronavírus informações e vacinação’, ou através do link: https://cutt.ly/Lmbw7iN. O pedido passará por avaliação técnica da SMS.
“Todas as vacinas foram testadas e suas efetividades constatadas. Elas são eficazes em proteger de casos graves e de mortes. É importante que as pessoas estejam vacinadas, porque o vírus ainda está em circulação. Se isso não acontecer, é possível que mesmo as vacinas com maior eficácia não sejam capazes de proteger quem adoecer”, explicou o médico sanitarista e coordenador de Vigilância em Saúde de Volta Redonda, Carlos Vasconcellos, citando que foram identificados raros casos de trombose após as vacinas de adenovírus (AstraZeneca e Johnson & Johnson), mas o risco desse tipo de complicação é considerado extremamente baixo. Já a chance de uma trombose por Covid-19 é muito superior.
De acordo com especialistas, todas as quatro vacinas aplicadas no Brasil (Pfizer, CoronaVac, AstraZeneca e Janssen) são capazes de proteger de casos graves e de morte pela Covid. Eles ainda são unânimes em afirmar: é preciso criar imunidade individual contra a doença, ampliando a cobertura vacinal da população. Isso evita a circulação do vírus e de novas variantes, já que quanto mais ele circula, sendo transmitido de uma pessoa para outra, mais ele faz replicações, e maior é a probabilidade de modificações ou mutações em seu material genético.
“O sucesso de uma campanha de vacinação depende, em primeiro lugar, de sua cobertura vacinal. Quanto maior o tempo que o vírus leva circulando, maior é a chance de que surjam novas variantes que podem ser resistentes às vacinas existentes. Não sabemos o que será daqui a alguns meses. Pode ser que no futuro surja uma cepa que determinada vacina não funcione e que outra funcione. Não tem como saber”, destacou Vasconcellos, reforçando: “Tem que tomar a vacina que aparecer, este momento não é o de esperar, mas sim o de ser imunizado”.
Cobertura vacinal
Hoje, Volta Redonda tem cerca de 85% das pessoas com mais de 18 anos vacinadas com pelo menos uma dose do imunizante, número correspondente a 185 mil pessoas. O município tem se destacado na aplicação das doses de vacinas contra o novo coronavírus. O estoque de imunizantes tem sido utilizado, em média, em 48 horas. As remessas de vacinas são enviadas pelo Ministério da Saúde.